Synbranchidae é uma família de peixes, a única da subordem Synbranchoidei da ordem Synbranchiformes, fundamentalmente de água doce, mas ocorrendo em alguns estuários, com distribuição natural nas regiões tropicais e subtropicais.[1] O nome deriva do grego clássico syn- (juntos) + branchia (brânquias).[2]
São considerados um grupo avançado de teleósteos, de morfologia serpentiforme e sem escamas, o que lhes dá uma aparência semelhante a enguias. O comprimento máximo descrito é de 70 cm, ocorrendo na espécie Ophisternon aenigmaticum,[1] com um esqueleto que tem entre 100 e 200 vértebras, desprovido de costelas.[1] Os olhos são pequenos.
A maioria das espécies apresenta barbatanas dorsal e anal vestigiais, semelhantes a pequenas pregas cutâneas. São igualmente desprovidos de barbatanas peitorais ou pélvicas. A abertura branquial está reduzida a um corte ou poro por debaixo da garganta, com as membranas branquiais fundidas. Não apresentam bexiga natatória.
Habitam em águas doces e salobras das regiões tropicais e subtropicais, com algumas raras espécies nas regiões temperadas. O grupo tem uma ampla distribuição natural na América Central e na América do Sul e Caraíbas, estando também presente no extremo oeste da África Central, Sueste Asiático, Indonésia e noroeste da Austrália.
A maioria das espécies pode respirar directamente ar, podendo viver fora de água. Utilizam o oxigénio livre respirando de maneira bucofaríngea ou intestinal. Esta faculdade permite-lhes mover-se em terra firme, através da vegetação húmida, desde um corpo de água a outro. A maioria das espécies possui bexigas urinárias muito volumosas, as quais servem para armazenar água.
Remarcavelmente, a maior parte das espécies possui como estratégia reprodutiva a capacidade de recorrer ao Hermafroditismo sequencial (ver Hermafrodita) em diferentes fases de suas vidas.
Um exemplo específico hermafroditismo sequencial é o Muçum (Synbranchus marmoratus), também conhecido em diferentes regiões do Brasil por outros nomes populares como muçu (do tupi: mu'su ou mu'sim,[3][4] que em português significa «escorregadio»[5]), peixe-cobra, enguia-d'água-doce; sendo que no dialeto regional Hunsriqueano riograndense (no próprio: Riograndenser Hunsrückisch) seu nome é (der) Ool (compare-se com o alemão-standar: (der) Aal). Em relação ao seu contato com o ser humano, o muçum (bem como outras espécies desse peixe) tem um longo histórico de fazer parte da culinária de várias regiões do país; porém sendo considerada uma carne mais exótica entre certos segmentos da população. Vale ressaltar que ele é um tanto difícil de se manusear uma vez capturado devido a textura e extrema lisura de sua pele. Além disso, apesar de não possuir dentes, a sua forte mordida deve ser evitada a todo custo pois mesmo decepada sua cabeça, ele exibe grande persistência em não abrir sua boca, em largar o dedo do pescador.
Apresentam em geral hábitos escavadores, abrindo tocas na lama, nas quais se enterram, outras preferem viver em cavidades e cavernas.[1]
São reconhecidos quatro géneros e mais de 35 espécies, incluindo algumas cavernícolas sem olhos (Ophisternon infernale do México e uma espécie na Libéria):[6]
Com base no Catalogue of Life foi elaborado o seguinte cladograma:[7]
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