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Mymaridae ( portugais )

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Mymarilla wollastoni: (1) Fêmea com asas extremamente velosas. (2) Detalhe das antenas filiformes do macho. Mymarilla wollastoni é endémica da ilha de Santa Helena no Atlântico Sul (escala = 1000 μm).

Mymaridae é uma família de pequenas vespas pertencente à superfamília Chalcidoidea cuja maioria das espécies tem distribuição natural nas regiões subtropicais e tropicais de todo o mundo. A família agrupa cerca de 1 400 espécies repartidas por 100 géneros.

São insectos diminutos como a maioria dos calcidoídeos (Chalcidoidea), em geral com menos de 0,5 mm de comprimento. Esta família inclui a espécie Dicopomorpha echmepterygis, o insecto mais pequeno conhecido, com apenas 0,139 mm de comprimento médio e o insecto voador mais pequeno, com 0,15 mm de envergadura. As antenas das fêmeas terminam num alargamento na forma de um martelo, enquanto os machos têm antenas filiformes. As asas são geralmente finas, com longas setas que lhes dão uma aparência plumosa.[1] Algumas espécies têm asas muito pequenas ou totalmente ausentes. Distinguem-se dos outros Chalcidoidea pela forma em H das suturas que apresentam na parte frontal da cabeça.

Descrição

Os insectos que integram a família Mymaridae são pequenos, medindo entre 0,13 e 5,4 mm de comprimento, com a maioria a situar-se entre 0,5 a 1,0 mm de comprimento máximo.[1] Geralmente apresentam o corpo com coloração não metálica, em tons de negro, castanho ou amarelo.[2]

O grupo apresenta como principal carácter distintivo em relação aos outros calcidoídeos a presença de suturas formam um desenho em forma de H debaixo dos ocelos e entre os olhos compostos.[1] Em raros casos as suturas estendem-se até aos ocelos.[3]

Quase todas as espécies apresentam antenas longas, pelo menos tão longas como o metassoma.[2] As antenas estão inseridas próximo dos bordos dos olhos.[4] Nas fêmeas as antenas terminam em forma de martelo, geralmente com longos pelos (setas) sensoriais que lhes dão um aspecto plumoso. Nos machos são filiformes.[2][5]

Algumas espécies apresentam asas de reduzido tamanho ou mesmo completamente ausentes (são ápteras).[2][5][6] Geralmente as fêmeas são as que apresentam asas reduzidas. Esta redução das asas é mais comum entre as espécies que buscam os ovos das espécies hospedeiras em espaços limitados e confinados, como no solo, sob folhas mortas ou nos túbulos de certos fungos. A presença de asas reduzidas ou de espécies ápteras também ocorre em condições climáticas ventosas, como em ilhas oceânicas ou em lugares de grande altitude. Nesses habitats as asas seriam desventajosas e por isso estão submetidas a uma forte selecção natural negativa.[5]

Os membros da família Mymaridae estão entre os calcidoídeos mais comuns, mas são raramente vistos devido ao seu escasso tamanho. O grupo tem distribuição natural nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, ocorrendo também em regiões temperadas.[4] A maioria ocorre nos bosques tropicais, com a maior diversidade no hemisfério sul, na América do Sul, Nova Zelândia e Austrália. No Neártico (América do Norte) apenas ocorrem cerca de 28 géneros e 120 espécies, dos 100 géneros e 1 424 espécies conhecidos.[2]

Os membros desta família podem sobreviver em todos os tipos de habitats terrestres, desde os desertos aos bosques pluviosos.[1] São conhecidas cinco espécies aquáticas, que vivem em lagunas ou rios.[7]

Entre espécies aquáticas está a espécie Caraphractus cinctus, que usa as asas como remos,[8] podendo permanecer debaixo de água até 15 dias.[9][10] Devido ao seu pequeno tamanho estes insectos necessitam trepar pelo caule de uma planta para sair à superfície porque não consegue romper a barreira imposta pela tensão superficial da água.[11]

Ecologia

Todos os membros conhecidos desta família são parasitoides dos ovos de outros insectos. Geralmente estes ovos estão depositados em lugares escondidos, como nos tecidos das plantas ou sob uma camada de solo,[3][4] pelo que estas espécies são obrigadas a dispor de complexos comportamentos de busca.

Os membros desta família não parecem ser muito específicos na sua selecção de hospedeiro. Algumas espécies parasitam insectos de várias famílias pertencentes a uma única ordem.

Os hospedeiros mais comuns são membros da ordem Hemiptera, especialmente Auchenorrhyncha (cícadas, cigarras e similares) e Coccoidea (insectos-escama),[2][12] mas estas conclusões talvez se devam apenas a estes grupos estarem melhor estudados. Outros hospedeiros importantes são os escaravelhos, moscas, libélulas, Psocoptera e Thysanoptera. Apenas se conhecem os hospedeiros de um quarto das espécies descritas.[1][13]

Importância económica

Algumas espécies de Mymaridae têm sido usadas como agentes de controlo biológico de pragas das colheitas,[14] sendo muito apreciadas pela sua capacidade de encontrar os ovos ocultos dos seus hospedeiros.[15]

O género Anagrus parasita uma grande variedade de hospedeiros, pelo que tem sido introduzido em vários países com objectivos de controlo biológico. No Hawai a espécie Anagrus optabilis foi introduzida para controlar Perkinsiella saccharicida, uma importante praga da cana-do-açúcar.[16]

Taxonomia

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Richteria ara (fêmea) com o tipo de asas característico da família (escala = 1000 μm).
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Myanmymar aresconoides (fêmea) o fóssil mais antigo conhecido atribuído a esta família.
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Gonatocerus triguttatus pondo os seus ovos sobre ovos de Homalodisca vitripennis dentro de uma folha.

Na sua presente circunscrição taxonómica a família Mymaridae agrupa cerca de 100 géneros com mais de 1 400 espécies validamente descritas.

Os géneros Allomymar e Metanthemus foram transferidos para a família Aphelinidae. O género fóssil Protooctonus foi transferido para a família Mymarommatidae e é agora considerado um sinónimo taxonómico de Archaeromma.[17]

Os géneros Nesopolynema, Oncomymar e Scolopsopteron são considerados sinónimos de Cremnomymar desde 2013 e as suas espécies foram incluídas neste género.[5] O género Shillingsworthia também foi excluído pois a sua descrição era fictícia.[17][18]

Nas listagens que se seguem os géneros marcados com † são considerados como extintos.

Géneros extantes

Na sua presente circunscrição taxonómica a família Mymaridae inclui os seguintes géneros extantes:[19][20]

Géneros extintos

Os seguintes géneros conhecidos apenas do registo fóssil estão incluídos na família Mymaridae:[17][21]

Notas

  1. a b c d e Elisabetta Chiappini; John T. Huber (2008). «Fairyflies (Hymenoptera: Mymaridae)». In: John L. Capinera. Encyclopedia of entomology. [S.l.]: Springer. pp. 1407–1409. ISBN 978-1-4020-6242-1
  2. a b c d e f John T. Huber (1997). «Chapter 14. Mymaridae». In: Gary A. P. Gibson; John Theodore Huber; James Braden Woolley. Annotated keys to the genera of Nearctic Chalcidoidea (Hymenoptera). Col: NRC Series. [S.l.]: NRC Research Press, National Research Council of Canada. pp. 499–500. ISBN 978-0-660-16669-8
  3. a b B.R. Pitkin (7 de junho de 2004). «Mymaridae». Universal Chalcidoidea Database, The Natural History Museum
  4. a b c Systematic Entomology Laboratory. «Family Mymaridae». Agricultural Research Service, United States Department of Agriculture. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2006
  5. a b c d John T. Huber (2013). «Redescription of Mymarilla Westwood, new synonymies under Cremnomymar Ogloblin (Hymenoptera, Mymaridae) and discussion of unusual wings» (PDF). ZooKeys. 345: 47–72. PMC . PMID 24194664. doi:10.3897/zookeys.345.6209
  6. Richard L. Doutt; Carl M. Yoshimoto (1970). «Hymenoptera: Chalcidoidea: Mymaridae of South Georgia» (PDF). Pacific Insects Monograph. 23: 293–294
  7. Seguei V. Triapitsyn; Ranyse B. Querino; Malu C.B. Feitosa (2008). «A New Species of Anagrus (Hymenoptera: Mymaridae) from Amazonas, Brazil» (PDF). Neotropical Entomology. 37 (6): 681–684. doi:10.1590/s1519-566x2008000600009
  8. Gilbert Waldbauer (2008). A Walk Around the Pond: Insects in and Over the Water. [S.l.]: Harvard University Press. pp. 25–26. ISBN 978-0-674-02765-7
  9. J.S. Noyes; E.W. Valentine (1989). «Mymaridae (Insecta: Hymenoptera) — introduction, and review of genera» (PDF). DSIR Publishing. Fauna of New Zealand (17)
  10. Carl M. Yoshimoto (1990). A review of the genera of New World Mymaridae (Hymenoptera; Chalcidoidea). [S.l.]: Sandhill Crane Press. ISBN 978-1-877743-04-7
  11. May Berenbaum (1993). Ninety-nine more maggots, mites, and munchers. [S.l.]: University of Illinois Press. p. 189. ISBN 978-0-252-06322-0
  12. Cedric Gillott (1999). Entomology. [S.l.]: Springer. p. 334. ISBN 978-0-306-44967-3
  13. E. Baquero; R. Jordana (2005). «Contribution to the knowledge of the family Mymaridae Haliday (Hymenoptera: Chalcidoidea) in Navarra, North of Iberian península» (PDF). Boln. Asoc. esp. Ent. 26 (3–4): 75–91. ISSN 0210-8984
  14. E. Baquero; R. Jordana (1999). «Species of Anagrus Haliday, 1833 (Hymenoptera, Chalcidoidea, Mymaridae) in Navarra (Spain)». Museu de Zoologia. Miscellania Zoologica (22.2): 39–50. ISSN 0211-6529
  15. Richard E. Warner; Kathleen M. Hendrix (1984). California riparian systems: ecology, conservation, and productive management. [S.l.]: University of California Press. pp. 978–979. ISBN 978-0-520-05035-8
  16. Kazi Abdus Sahad (1984). «Biology of Anagrus optabilis (Perkins) (Hymenoptera, Mymaridae), an Egg Parasitoid of Delphacid Planthoppers» (PDF). ESAKIA (22): 129–144
  17. a b c John T. Huber (2005). «The gender and derivation of genus-group names in Mymaridae and Mymarommatidae (Hymenoptera)» (PDF). Acta Soc. Zool. Bohem. 69: 167–183. ISSN 1211-376X
  18. A.A. Girault (1920). «Some Insects never before seen by Mankind» (PDF)
  19. Simon van Noort. «Mymaridae: Classification of afrotropical mymarid wasps». WaspWeb, Iziko South African Museum
  20. John T. Huber; Gennaro Viggiani; Ricardo Jesu (2009). «Order Hymenoptera, family Mymaridae» (PDF). Arthropod fauna of the UAE. 2: 270–297
  21. George Poinar Jr.; John T. Huber (2011). D.E. Shcherbakov; M.S. Engel; M.J. Sharkey, eds. «Advances in the Systematics of Fossil and Modern Insects: Honouring Alexandr Rasnitsyn». Pensoft. ZooKeys. 130: 461–472. PMC . PMID 22259293. doi:10.3897/zookeys.130.1241 |capítulo= ignorado (ajuda)

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São insectos diminutos como a maioria dos calcidoídeos (Chalcidoidea), em geral com menos de 0,5 mm de comprimento. Esta família inclui a espécie Dicopomorpha echmepterygis, o insecto mais pequeno conhecido, com apenas 0,139 mm de comprimento médio e o insecto voador mais pequeno, com 0,15 mm de envergadura. As antenas das fêmeas terminam num alargamento na forma de um martelo, enquanto os machos têm antenas filiformes. As asas são geralmente finas, com longas setas que lhes dão uma aparência plumosa. Algumas espécies têm asas muito pequenas ou totalmente ausentes. Distinguem-se dos outros Chalcidoidea pela forma em H das suturas que apresentam na parte frontal da cabeça.

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