dcsimg

Algas

Autor:
Gloeotrichia echinulata, plankton sample, England; microscope low magnification; Malcolm Storey, CC-BY-NC-SA

Michael Guiry, AlgaeBase
Traduzido Por:
Paulo Mateus, Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE, Brasil



Definindo as algas
O grupo altamente variado que chamamos de “algas” incluem algas terrestres, algas da neve, macroalgas marinhas, fitoplâncton e “florações” (que são compostas por massas viscosas de cianobactérias, assim como de algas verdadeiras como Spirogyra).

As algas são organismos clorofilados e morfologicamente simples, variando de organismos microscópicos e unicelulares até organismos bem maiores e multicelulares. O corpo da alga é relativamente indiferenciado e não existem raízes verdadeiras ou folhas. Algas são tipicamente autotróficas cujo “alimento”, ou energia, é derivado dos seus arredores na forma de luz solar. Elas desempenham um papel muito importante na cadeia alimentar e na manutenção do suprimento de oxigênio do nosso planeta.

Algas são às vezes consideradas plantas e às vezes “protistas” (uma categoria que reúne vários organismos geralmente distantemente relacionados, os quais são agrupados com base em não serem animais, plantas, fungos, bactérias ou arquibactérias). De acordo com estudos filogenéticos recentes, algumas algas (as algas vermelhas e a maioria das algas verdes) são de fato mais proximamente relacionadas às plantas terrestres, enquanto outras algas estão mais relacionadas a outros grupos de protistas. Assim, as algas são um grupo de organismos altamente variados e diversos geneticamente, pertencendo à diversas linhagens evolutivas distintas. A diversidade é refletida nas enormes variações das algas em termos de traços morfológicos, ultraestruturais, ecológicos, bioquímicos e fisiológicos.

Algas de um ou outro tipo existem há mais de dois bilhões de anos. Novas algas são descobertas a todo tempo, até mesmo filos ou classes inteiras, anteriormente desconhecidas. Baseando-se na melhor estimativa disponível (Guiry 2012; http://www.algaebase.org) existem cerca de 37 mil espécies de algas “verdadeiras” e cerca de quatro mil cianobactérias conhecidas atualmente, com talvez outros 30 mil de espécies aguardando seu descobrimento e descrição.

Alguns tipos de algas que podem te interessar

Macroalgas marinhas:
Algas marinhas multicelulares, ou macroalgas marinhas, são organismos semelhantes a plantas que vivem fixos às rochas ou outros substratos nas áreas costeiras. Elas pertencem a três grupos diferentes, reconhecidos desde meados do século 19 com base na cor do talo: algas vermelhas (filo Rhodophyta), algas marrons (filo Ochrophyta: classe Phaeophyceae) e algas verdes (filo Chlorophyta: classes Bryopsidophyceae, Chlorophyceae, Dasycladophyceae, Prasinophyceae, e Ulvophyceae). Como resultado de investigações modernas (estudos ultraestruturais e bioquímicos e, mais recentemente, análises filogenéticas baseadas no sequenciamento de DNA) agora sabemos que as diferenças entre esses três grupos vai muito além das diferenças de coloração sugeridas por seus nomes. Os três grupos de macroalgas diferem consideravelmente em muitas características ultraestruturais e bioquímicas, incluindo quais pigmentos fotossintéticos que contém, quais componentes químicos são utilizados para o armazenamento de energia, qual a composição de suas paredes celulares, e quanto à presença ou ausência de flagelos, detalhes da mitose, aos tipos de conexão entre células adjacentes, e à estrutura “fina” do cloroplasto.

Embora algumas das grandes algas marrons (conhecidas como “kelps”), como o kelp gigante Macrocystis pyrifera, exibam translocação (transporte interno de matéria orgânica e nutrientes), e processos similares ocorram em Carófitas verdes, a translocação não é vista na maioria dos grupos de algas. Em geral, entretanto, algas têm pequena necessidade de transportar nutrientes por seus corpos, porque elas são em algum momento circundadas por água, e células individuais podem, portanto, trocar materiais diretamente com o meio circundante.

Fitoplâncton: São organismos errantes, fotossintetizantes e de maioria microscópica, formados pelas algas e cianobactérias que capturam energia solar e formam a base das cadeias alimentares em ecossistemas marinhos e de água doce.

Algas azuis: Os organismos algumas vezes referidos como “algas azuis” são atualmente um grupo de bactérias conhecidas como cianobactérias. Contudo, por muitas serem aquáticas e fotossintéticas, podendo algumas vezes formar colônias conspícuas nas superfícies paradas de corpos d’água doce, elas podem superficialmente se assemelharem às algas verdes verdadeiras. De fato, existe uma importante conexão evolutiva: de acordo com a agora amplamente aceita teoria da endossimbiose acerca das origens das organelas, os cloroplastos nas células de plantas modernas de cor verde (incluindo as algas verdes) foram originadas de cianobactérias vivendo dentro de outros organismos.

Onde vivem as algas

Onde as algas podem ser encontradas? Em quase todos os lugares da terra: no mar (abaixo de 250 m em alguns lugares), em rios, lagos e lagoas; em árvores, solos e paredes; e como parceiros simbiontes de fungos (como líquens) e animais (ex.: em corais e em alguns protozoários e cnidários). As algas podem ser encontradas em praticamente todos os lugares onde haja luz para fotossíntese e água para reprodução. Algas são importantes colonizadores em fontes termais e fluxos de lava, estes chamados extremófilos frequentemente prosperam em temperaturas extraordinariamente altas. Se a vida existe em outros lugares no nosso sistema solar, organismos como algas estão entre os mais prováveis a serem encontrados.

Reprodução das algas

A maioria das algas forma algum tipo de esporo, uma célula reprodutiva que é frequentemente móvel nas algas. Vários tipos de reprodução assexuada são comuns nas algas, mas elas também se reproduzem sexuadamente, formando gametas geneticamente diversos por meiose, então juntam dois gametas de indivíduos diferentes para formarem um novo indivíduo. Em alguns tipos de alga, este é um tipo de sexo muito simples, onde as algas mesmas atuam como gametas. Em muitas outras algas, entretanto, existem células semelhantes ao esperma e ao oócito, assim como feromônios de atração sexual. É bem provável que as algas tenham sido os primeiros organismos a desenvolver, há cerca de 1.5 bilhões de anos, algo similar à reprodução sexual encontrada vista hoje em dia nas plantas e animais.


References

Guiry, M.D. 2012. How many species of algae are there? Journal of Phycology 48: 1057-1063.

License: CC BY-NC-SA