A gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) é uma ave da família Corvidae (corvos).
A nível global é considerado Pouco Preocupante (LC).
Em Portugal é considerado Em Perigo (EN).
Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, Transposição da Diretiva Aves 79/409/CEE de 2 de Abril de 1979, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro – Anexo I.
Decreto-Lei nº 316/89 de Setembro, transposição para a legislação nacional da Convenção de Berna – Anexo II.
Os primeiros fósseis da família Corvidae datam de meados do Mioceno, cerca de 17 milhões de anos atrás; Miocorvus pode ser o ancestral das gralhas.
Ao longo dos anos tem havido um grande desacordo sobre o exato das relações evolucionárias da família Corvidae. Mas parece claro que as espécies da família Corvidae são derivados de antepassados australianos e de lá se espalharam ao longo do resto do mundo. O esclarecimento do inter-relacionamento das espécies pertencentes a família Corvidae foi alcançado com base na análise de DNA de várias sequências.[1]
Esta espécie apresenta um comprimento entre 37 e 41 centímetros, uma envergadura entre os 70 e 80 centímetros e chega a pesar de 280 a 360 gramas. A plumagem completamente negra contrasta com as patas e o bico curvo vermelho vivo. Os juvenis possuem um bico amarelado e as pernas são mais escuras em cor do que nos adultos.
Os machos são maiores que as fêmeas, nas outras características parecem ser morfologicamente idênticos.[2]
A gralha-de-bico-amarelo (Pyrrhocorax graculus) é muito semelhante à gralha-de-bico-vermelho e distingue-se pelo bico amarelo e pela silhueta em voo.
O seu voo é ondulante e acrobático, onde vários indivíduos se envolvem em piruetas, acompanhadas de estridentes e numerosos sons metálicos que constituem as características vocalizações desta espécie.
Com efeito, à parte das características vocalizações e voo acrobático, é a única espécie especialista no que diz respeito às exigências de habitat e alimentação, uma vez que se alimenta exclusivamente de insetos e habita zonas onde se pratica uma agricultura tradicional.[2][3]
A dieta é composta principalmente por insetos e é complementada com artrópodes, gastropodes e outros invertebrados [4] bem como matéria vegetal.[5]
Esta espécie vive em colónias formadas, geralmente, por 10 a 15 casais onde se pode observar que só há ninhos para uma fração dos casais, isto deve-se ao facto de estes animais já viverem acasalados antes de alcançarem a maturidade sexual que só se dá no segundo ao terceiro ano de vida. Os ninhos encontram-se quase sempre em locais como fendas de rochas, cavidades e paredes rochosas de alcantilados marinhos. Os ninhos são construídos por ambos os adultos, o macho geralmente ocupa-se da parte estrutural do ninho enquanto que a fêmea ocupa-se em “acolchoar” o interior do ninho. A postura é geralmente de 3-6 ovos e realiza-se, geralmente, em Abril no caso das zonas marinhas e em Maio no caso das zonas montanhosas. A incubação é inteiramente realizada pela fêmea e tem uma duração de 18 dias. O macho ajuda na alimentação da fêmea e dos seus descendentes. Os filhotes abandonam o ninho 38 dias depois de nascerem.
As gralhas de bico vermelho são conhecidas pelos seus voos ondulantes e acrobáticos em grupo, onde vários indivíduos se envolvem em piruetas, acompanhado pelas suas numerosas e agudas vocalizações "metálicas".
Esta espécie tem uma longevidade que ultrapassa os 13 anos.[6]
Embora a gralha-de-bico-vermelho seja uma espécie característica das encostas escarpadas das zonas de montanha, a sua situação populacional em Portugal neste tipo de biótopos é bastante mal conhecida e aparentemente crítica. Habita em paredes alcantiladas marinhas e áreas de montanha com paredes rochosas, especialmente calcárias, em regiões secas e pobres em árvores. Esta espécie prefere desfiladeiros fluviais que ofereçam disponibilidade de sítios para nidificação.[7] Ocasionalmente pode ocupar edifícios.
Os campos agrícolas tradicionais são locais críticos onde as populações desta espécie se alimentam.[2][3]
A gralha-de-bico-vermelho é uma espécie de distribuição paleártica. Tem uma presença continua através das cadeias montanhosas da Ásia central, e bastante mais descontinua na Europa Meridional. Na Europa reparte-se por grande parte da Península Ibérica e localmente pela Grã-Bretanha, Irlanda, França, Itália, Sardenha, Sicília e Península Balcânica. Em Portugal, as populações mais numerosas encontram-se nas serras calcárias de média e baixa altitude (Serra dos Candeeiros) e em escarpas fluviais (Douro Internacional) ou costeiras (Sudoeste Alentejano) Em Espanha possui uma população numerosa e bem distribuída. Pode ainda ser encontrada nos Himalaias, a altitudes de 2000 metros, na China e na Sibéria, bem como em zonas montanhosas da Etiópia e Norte de África.
A gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) é uma ave da família Corvidae (corvos).